O que espanta acima de tudo neste livro é a sua linguagem. Ao contrário do que é habitual em livros que alcançam esta distinção mundial, Tsiolkas não se refugia na linguagem intelectual, pelo contrário, a obra está toda ela escrita de forma coloquial, o que aproxima em muito o leitor do livro, fazendo da sua leitura um enorme prazer e não um sacrifício.
Evidentemente, a história também é cativante, principalmente porque o autor escolheu um tema que mexe com qualquer um. No centro da trama está uma bofetada a uma criança. Portanto, e apesar da linguagem coloquial, A Bofetada não é um livro ligeiro, muito pelo contrário. Tsiolkas não escreve esse tipo de obras e este não foge à regra, com o autor a abordar mais uma vez de forma crítica a realidade e as leis sociais, que ditam muitas vezes o nosso comportamento. A educação (a grande questão que acompanha o livro é se a bofetada foi ou não bem merecida) é trabalhada ao pormenor pelo australiano, com o medo dos pais em não assumirem o seu papel devido a possíveis traumas infantis, embora o autor aborde outros temas fracturantes da nossa sociedade, a de hoje como a de ontem, como o sexo, a homossexualidade, as drogas e, evidentemente, as inevitáveis relações familiares.
Podem ler na totalidade a crítica a A Bofetada, de Christos Tsiolkas, da autoria de Pedro Justino Alves no Diário Digital.