“É o mundo moderno, Anouk. Somos todos putas.” Pág. 87
A Bofetada de Christos Tsiolkas é um rasgo na realidade do leitor. Há livros assim: Pegam em nós e conseguem sacudir a nossa realidade até à quase insuportável inquietação.
A tensão existe e é mantida desde a primeira até à última página.
O enredo apoia-se em várias perspectivas, numa polifonia, sem perder coerência. A narração adopta, frequentemente, o discurso indirecto livre. A perspectiva associa-se de tal forma ao pensamento de cada personagem que, por vezes, não temos a certeza a quem pertence a voz que “ouvimos”. A linguagem apodera-se da realidade, expressa-se de forma obscena e, por vezes, caricatural. No entanto, poucas vezes é utilizada de forma gratuita. O comportamento das personagens consegue melindrar mais do que o léxico utilizado.
De uma maneira ou de outra, o leitmotiv (a bofetada dada a uma criança) é debatido em todos os capítulos. E é desta forma que o texto não perde a coerência e a leitura mantém-se fluente.
Podem ler na totalidade a crítica do PNET Literatura, da autoria de Mário Rufino, a A Bofetada, de Christos Tsiolkas, aqui.